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Parceria com Associação Paulista do Queijo Artesanal pode fomentar reconhecimento do produto paulista

De engenheiro de TI a produtor de queijos artesanais premiados, o presidente da APQA,
Christophe Faraud, fala sobre parceria com a Repequab e os desafios dos pequenos produtores.


A Rede de Pesquisas em Queijos Artesanais Brasileiros (REPEQUAB) está firmando uma parceria com a Associação Paulista do Queijo Artesanal (APQA), criada em 2017 para unir produtores de queijo artesanal do Estado de São Paulo. A associação busca auxiliar os pequenos produtores a legalizarem os seus negócios e ampliar o reconhecimento dos queijos artesanais paulistas. 

Para o presidente da APQA, Christophe Faraud, uma aproximação com a rede de pesquisadores proporcionaria um “selo de qualidade” para os produtos da associação. O produtor acredita que os pesquisadores podem ajudar a comprovar a qualidade dos queijos artesanais paulistas e assim viabilizar a criação de uma marca coletiva da associação, promovendo uma maior visibilidade aos produtos e fortalecendo a associação perante os órgãos fiscalizadores e legislativos.


Com cerca de 80 membros, uma das frentes de atuação da APQA é o relacionamento com órgãos públicos para tentar modificar as exigências que a legislação impõe ao pequeno produtor. Desde 2017, Christophe representa a associação no programa “Mais Leite; Mais Renda” da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A associação também mantém contato com o Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISP) e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 


A principal reivindicação é a modificação da lei do SISP Artesanal (Lei 10.507, de 1/03/2000), que determina o limite de 300 litros de leite diários como matéria-prima para produção artesanal. Esse é um dos grandes obstáculos para que os produtores obtenham o Selo Arte (Lei nº 13.680, de 14/06/2018), que permite a comercialização de queijos artesanais em todo o território nacional, desde que submetidos à fiscalização de órgãos de saúde pública. “Hoje, o custo fixo de produção é tão alto, que é inviável para um pequeno produtor trabalhar com apenas 300 litros por dia. Nós estamos tentando aumentar esse limite para permitir que o produtor seja um pouco maior, mas continue sendo artesanal”, explica Christophe. Em julho de 2020, será feita uma consulta pública sobre a lei e a expectativa é que as solicitações sejam atendidas até o fim do ano.


Líderes em variedade – A Associação Paulista do Queijo Artesanal conta com uma variedade de mais de 200 queijos. O segredo, segundo Christophe, é que ele e outros produtores paulistas viajaram para a França, Itália e outros países europeus, e fizeram muitos cursos para aprender diferentes técnicas de produção. “São Paulo não tem uma tradição queijeira como Minas Gerais e a Ilha do Marajó, por exemplo. Os produtores paulistas perceberam que precisavam trazer produtos diferenciados para esse mercado. Com todo o conhecimento técnico adquirido no exterior, cada um cria a sua própria receita. Hoje, o resultado é que podemos preparar uma mesa com mais de 200 queijos e nenhum será igual ao outro”.


História – O francês Christophe Faraud mora no Brasil há mais de 20 anos e produz queijos artesanais com sua esposa, Zeide Cavalcanti, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Seu queijo Mimo da Serra ficou em terceiro lugar geral no 1º Mundial do Queijo do Brasil, em 2019.

Formado em Engenharia da Computação, Christophe trabalhava como executivo de vendas em uma multinacional inglesa quando se mudou para o Brasil, em 1998. Em 2010, começou a produzir leite e posteriormente viajou para a França, por mais de um ano, para aprender a fazer queijo com os pequenos produtores franceses. O casal retornou a São Paulo e deu início à sua produção. “Durante esse processo, eu senti a necessidade de me juntar a outros produtores para tentar melhorar a nossa situação. Estamos trabalhando para fazer o queijo artesanal paulista ser a referência queijeira do Brasil”.